terça-feira, 29 de outubro de 2013

a criança

for Inez

e agora? e agora? e agora?

preciso deitar fora esta lanterna


tim tim tim tim no timtim
o lugar que concerne
a meu daemon et moi
é um io menos que um rio
o fio
de toda a casualidade
aquilo que liga o meu texugo
a mim

fio de pó
pó de fio
é de poeira essa
corrente
e pelas cores,
vê que é celeste
  cadena de hilo
às vezes é uma torrente
que ocupa a rua inteira

deixo a espécie de rato
que agora ele é um pássaro
voa por onde quer
e isso é sempre ao meu redor
curtindo para mim
calando a minha boca
abrindo a minha fala
esperando comigo a hora a hora
a hora de falar
o cordão roxo
do pensamento esvoaçar à laringe
ainda não;
mantenha;
my precious;
são coisas que ele me diz
o texuguím alado

às vezes vira um falcão
cego no impossível
e cumpre.
isso aconteceu uma vez
perto de uma janela

(também fala com os galhos,
e pode ser muito persuasivo)

quando tem gente em
redor
estabiliza-se no cervo,
é preciso uma fórmula
muito antiga
e o coração mais quieto do mundo
para viajar sentado nas suas hastes
mas é quando se vê
-aquilo-
abrindo clareiras

nesse lugar pode-se correr
para a força
a ficar girando com ela doidas
espirais
mas é demais
perder a boleia
a inamovível boleia
a inamovível boleia do príncipe
o balanço que dá para assistir à velocidade de tudo
e onde a única incumbência
é impedir que as centelhas
decepem as pestanas
de minh'alma

nem a fome
nos separa,
génio.

quando o momento chegar,
virá o pássaro abrir a caixa
onde gota a gota armazenei
impaciente
a já pantera
e eu vou soltar a
minh'alma sobre
aquele tarado
de cabelos longos
de unhas longas
de torturas longas
que nos preparou
para o marcial
decepando-nos
à porrada
o vínculo
e eu vou soltar
e os bichos todos
virão mijar, cuspir, gargalhar
assistir
ao fim do vilão
que se chama
separação

*
o nome dela é Ghan