sábado, 14 de abril de 2012

RODAADOR

Tão doces tarântulas trazem os deuses por olhos.
-Joana dos Espíritos




Onde estão hoje as sete escravas de ouro que vendi

para sair do Luxemburgo, cadê vocês escravinhas?
Que isto agora é o Luxemburgo
e chovem partes de automóveis e locomoção urdidas pela pinga
chovem prantos sem botos nem resgate
chove muita coisa miudinha
os cafés-réplica destilam um desespero novo, que mal tem a novidade antes pelo contrário
mas a réplica repica o original e reina
a confusão do quereres onde antes a confirmação
do círculo
isto aqui agora é o Luxemburgo
míope, tão míope

Onde está o vosso brilho agora, meninas?
Durante todos esses anos (seis) falei pra mim mesma
o que importa é que estou aqui
fit as a fucking fiddle
deixei inocência no escuro da encosta do município
(ou será condado?)
mas o que importa é que regressei
com as minhas fa
com as minhas fa-fac
com as minhas fa fac-facu-ul
as f-fa-faculdades
intactas

isto aqui é o Luxemburgo e a luz inalterável do Luxemburgo
põe os cavalos na carroça do cortejo do país
Fúnebre, bem entendido.

Onde estão vocês, sete escravas da libertação?
A primeira derreteu na minha desobediência mansa
A segunda, confesso, foi na senda da incredulidade
do seu valor, fortuna a súbita desenvoltura
do poder mover-me, hidratar-me;
Foi a terceira que me traiu- por preguiça
As outras quatro o desespero ceifou de uma vez
e a mau preço, sabia-o, mas era
preciso
fugir

E se olho para trás
bom, é porque posso.
e é por raiva, para contemplar a ruína
se volto a cabeça para trás (e precipito, rosto e tudo
na putativa cristalização do sal)
faço-o piscando o calcificado olho a X., ordeiro soldado
refém de uma caligrafia deseperadamente contida.
Se agora vos invoco, sete irmãs, é para lembrar
-toda em sal-
que a que parece a única saída
muitas vezes é única saída.

Tinha uma outra, oitava.
era de prata/ ao pescoço
encerrava o maior entre os meus poderes- não era minha
Um vómito provocado mais um par de bichas mais a noite luxemburguesa ma
a-rran-ca-ram do pescoço. Essa noite inscreveu-me na lista
da vingança, da ira, da perversão
acabei
sendo o meu próprio ladrão mas não é essa a questão.
A questão é que o mundo conspira
A questão é que o mundo gira
Isso aqui agora é o Luxemburgo
& todos os filhos

Onde estão vocês, escravas?
hoje não vos libertaria
não assim:

Oitava
tua eterna dona
está sentada no muro
Tem as meias rotas
mas olha com duas incorruptíveis tarântulas por olhos
o futuro

4 comentários:

Miguel Manso disse...

m mmu mui ito be b bom

ACN disse...

love it

júlia disse...

porra
mâno.

Joana Maria disse...

Meu bem,

decidi voltar em www.joanamaria.com...

*

Joana (dos Espíritos) Maria