segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ainda canto o índio


Não sei se era dia ou noite

quando comecei a beijar tudo cá dentro
beijei-me pai
beijei-me mãe
beijei-me filha
e unhas.
Beijei os ossinhos luminosos
e os que afiei escuros para desígnios
mal designados.
Beijei as tripas- estavam quentes
mas o consolo era genuíno.
Beijei a puta e a virgem na boca,
beijei-me homem, lobo, caralho
e à desprezada concedi o tempo
que passei aos pés da idolatrada
& vice versa.
Beijei tudo, tudinho
e cada lago era uma poça
cada pântano, saliva.
Mas quando beijei o meu carro
era beijo de ir embora
-entendo que o beijo tudo despede,
arranco-
e a canção, como a ilusão,
tem de acabar.

E que eu permaneça
me amando
enquanto esta terra sustentadora de árvores se estenda.

1 comentário:

zamot disse...

Boa viagem!

Hoje subi ao Monte
Ainda espreitei o terceiro andar
Ao lado do jardim romantico
Só meia persiana aberta
Não te vi
Mas queria

Não tenho o teu telefone
Mas queria

beso
T