Naqueles dias nada era mais importante que os solitários passeios a que o homem se entregava (a obrigação era diária apesar da duração da excursão ser, quase sempre, variável), e dos quais não soubemos nunca nada- apenas 1) a velatura que trazia nos olhos e 2) que o trajecto sempre ia pela água, além da faixa de palmas bravas. Nada, nem os homens agrilhoados, nem a água lambendo a terra, nem a sua história nem a nossa, nada sobre nós era tão importante como aqueles passeios desesperados; os lugares que visitaria, as coisas que não veria, imerso que estava no transe de deambular e dois quais, de qualquer forma, nada saberíamos. Tudo isto testemunhámos porque uma mulher permaneceu no alpendre. Não esperando o regresso do homem. Simplesmente ali se encontrava, mirando em frente. Talvez curando alguma dor, talvez entregue ao ocioso vazio que depois dela vem, só ali. Olhando em frente, cheirando a comida mas olhando em frente.
Então o homem chamado Gabriel aparecia. E desaparecia, lá para dentro.
2 comentários:
Dios mío.
Que bom que é deambular...
ou
Que bar que é deambulom..
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