sexta-feira, 16 de agosto de 2013

À vida de Maria



Como Rilke, também eu sou a que foi nomeada "Maria" para que tivesse cada passo purificado pelo nome. Aos dois nos apavorou tanta pureza, e dela a sua eficácia;
Como ele, também eu sou levada à -jamais!- rendição do leito. à desconfiança do decoro da luz do aparcado. estacionado;
desconfiança total nos êxitos do social, somos os dois juntos o que poderia chamar-se o antíporra dos magos do social, dos escaladores;
necessidade inata de transformação estrada abandono renovação força. que leva a fugir da família, dos amigos, da própria mulher.
assim no social, assim no íntimo (com as coisas)
desconfiança na ordem, nos sistemas, na arrumação. na ausência do movimento manifestado no quarto. como se estivesse coberto pelo inexorável manto da neve, ou como folha que não conhecesse o vento e do qual nunca houve perfume. no ritmo;
mesmo ansiando a imobilidade (que permite a via estável) perder-se, uma após outra, as pátrias até à língua; e depois ter que deixá-la, deixá-la por um punhado de estrela, estrada, nada.
como em cada conquista reside a sua derrota inefável derrota- a que traz o afastamento
ela se apresenta na sala, cintilante
sustendo com as duas mãos esse tabuleiro onde te espelhas lago
movimento
cadente
incande
scente
zumbido
zumbor
rumor
essa ausência do bem-comum: a nossa própria solidão.
aí a conquista quando ela se apresenta, consequente, tem nela a própria aversão a si, se vê no lago espelhada foge toca-se
a música fere a música!
 
Und sie erschraken beide.

oquesempresesoubeenuncafoidito, essa escrita que não existe.

a desconfiança cresce
e cresce e nos
anima a prosseguir

olhamos para trás, meu guia e eu, na estrada branca
já nem perguntamos:- "quem?"


15 de Agosto e o susto de ambos era coisa prevista

















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