segunda-feira, 30 de abril de 2012

Chegou, sorriu, venceu

I AM WHAT I AM

por me acontecerem os cabelos dourados em certas horas
por acontecer a índia
porque a ideia de um continente flutuando
permite
um país
 lá há meninos, mangas, e acontecimentos dourados nos fios dos cabelos. são estrelas, senhor. passando, 
passando/ atravessando

(...)
V
manga
filho cabeludo
Reconcilia/
Liberta
Reconxavía/
Redonda

Responde:
o
fora
afora
aflora
em
ó

Lisboa, 14 de Janeiro 2012

domingo, 22 de abril de 2012

O OBJECTO DE FASCINAÇÃO E REPULSA DE AUBE ELLÉOUËT


 Reduz a um filete de leite sem fim
o jorro de um ventre de vidro

sábado, 14 de abril de 2012

RODAADOR

Tão doces tarântulas trazem os deuses por olhos.
-Joana dos Espíritos




Onde estão hoje as sete escravas de ouro que vendi

para sair do Luxemburgo, cadê vocês escravinhas?
Que isto agora é o Luxemburgo
e chovem partes de automóveis e locomoção urdidas pela pinga
chovem prantos sem botos nem resgate
chove muita coisa miudinha
os cafés-réplica destilam um desespero novo, que mal tem a novidade antes pelo contrário
mas a réplica repica o original e reina
a confusão do quereres onde antes a confirmação
do círculo
isto aqui agora é o Luxemburgo
míope, tão míope

Onde está o vosso brilho agora, meninas?
Durante todos esses anos (seis) falei pra mim mesma
o que importa é que estou aqui
fit as a fucking fiddle
deixei inocência no escuro da encosta do município
(ou será condado?)
mas o que importa é que regressei
com as minhas fa
com as minhas fa-fac
com as minhas fa fac-facu-ul
as f-fa-faculdades
intactas

isto aqui é o Luxemburgo e a luz inalterável do Luxemburgo
põe os cavalos na carroça do cortejo do país
Fúnebre, bem entendido.

Onde estão vocês, sete escravas da libertação?
A primeira derreteu na minha desobediência mansa
A segunda, confesso, foi na senda da incredulidade
do seu valor, fortuna a súbita desenvoltura
do poder mover-me, hidratar-me;
Foi a terceira que me traiu- por preguiça
As outras quatro o desespero ceifou de uma vez
e a mau preço, sabia-o, mas era
preciso
fugir

E se olho para trás
bom, é porque posso.
e é por raiva, para contemplar a ruína
se volto a cabeça para trás (e precipito, rosto e tudo
na putativa cristalização do sal)
faço-o piscando o calcificado olho a X., ordeiro soldado
refém de uma caligrafia deseperadamente contida.
Se agora vos invoco, sete irmãs, é para lembrar
-toda em sal-
que a que parece a única saída
muitas vezes é única saída.

Tinha uma outra, oitava.
era de prata/ ao pescoço
encerrava o maior entre os meus poderes- não era minha
Um vómito provocado mais um par de bichas mais a noite luxemburguesa ma
a-rran-ca-ram do pescoço. Essa noite inscreveu-me na lista
da vingança, da ira, da perversão
acabei
sendo o meu próprio ladrão mas não é essa a questão.
A questão é que o mundo conspira
A questão é que o mundo gira
Isso aqui agora é o Luxemburgo
& todos os filhos

Onde estão vocês, escravas?
hoje não vos libertaria
não assim:

Oitava
tua eterna dona
está sentada no muro
Tem as meias rotas
mas olha com duas incorruptíveis tarântulas por olhos
o futuro

sexta-feira, 13 de abril de 2012

prece de um pé ao outro


Um dos meus pés chorou
Junto à sarja
molhado, distraído

E se um é chora
como fazer do outro coto
o boto
o translúcido
que não se agita
que rosa obedece e branco acredita
nessa senda de lama/ toda cama

Meu boto só mais um nada de equilíbrio
sem lenço/ sem documento
leva este carpintado desalado em tua boca
Boto, amigo, cavalgas/ não nadas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

VAI PASSÁ O BOI

Tenho que pegá
viagem de gerir a fome também purifica o adro

pra que procissão prossiga/ progresse, evolutiva
também purifica o fogo do corpo
pra que quando passar
ela me inclua

viagem de gerir a fome/ esse fluxo cavalgado
abre alvos em cada esquina
luxo é tudo ser destino
e rejubila de alegria a paragem digestiva-
a felicidade é celular
-peguei!