quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Azizi

Through the slush and the ruts of the roadway—
By the side of the dam of the stream;
Where the wet fishing nets are drying,
The carriage jogs on, and I muse.

Tolstoy
Pelo muro do casco antigo de Rabat,
carpindo uma cara sem riso,
vai um Judeu novo.
A pedra ecoa os passos
enquanto a barba
(negra) em capicua
apara as lágrimas.

E embora o homem chore
sem tristeza e deambule
o próprio caminho para casa,
são 1) a luz, difusa mas focal
e 2) o som, único, distinto, repercurtido,
quem abrem a boca
do espanto.

Um rapaz pequeno
de olhos pretos lamenta
a gaiola do seu pássaro azul
que lamenta a gaiola do seu menino
grande.

Como sei eu estas coisas,
como distingo, com quotidiana angústia
cada som, a própria barba
do Judeu?

Tudo isto aconteceu já,
Só não sei dizer quando.

1 comentário:

zamot disse...

Que coisas bonitas escreves tu! Moura!