Está tanto frio que em breve esta chuva intermitente e inútil, transformar-se-á em
neve e aí sim, quero ver. Que faremos nós das nossas noites brancas? Já a oiço, a rir-se
escancaradamente, uivando pelos portões abertos do mundo, rindo absurdamente como riem as senhoras para não chorar. Tem sido difícil por estes dias descortinar a canção da terra,
mas não será preciso suster a respiração para auscultar, ao longe, o coração crescente -cavalgante- da presa: cheira-me a vingança. Uma vingança branca, de execução inocente, quase doce. E inexorável.
(Já estou mesmo a ver, vai ser bonito procurar as chaves de casa, de qualquer casa, no meio da puta neve.)
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
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