sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os Fazedores II


Pode um homem devotar (toda) a vida à construção laboriosa da preservação virginal da sua loucura, sem por vezes cair, mesmo sem a invocar, na lucidez?
O que é um labirinto sem engenharia, sem geometria, sem segredo e sem corrida? (Perder, perder todo, correr de pânico, galgar os ventrículos, correr. De si. Dos outros. Correr para dentro da gruta que é uma vaca desventrada, duma manhã que teve o azar de presenciar, correr como um louco). Mas sabe um louco planificar o seu caminho enredado, quantos anos terá a sua cólera, ou quantificar o sangue que será preciso? Tem os seus cânticos, que podem ou não vir de longe. Desconfio sempre das sinceras intenções de um laborioso.

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