sábado, 24 de janeiro de 2009
A irmã Irma I
Talvez fosse um palpite arrojado mas o manuscrito encontrado não se destinaria decerto à velha matriarca, mas a uma das suas inúmeras filhas de deus. Talvez, e esticando a corda até ao limite da resistência da fibra, a carta cujo achado correspondeu à única quantidade considerável de rubor a alguma vez escorrer de tais paredes desde o ano da graça de 1870 (o leitor terá achado oportuno ou não que os anteriores anos tenham ficado de fora desta pequena pudorada baliza cronológica), destinava-se, dizia então com algum arrojo, à querida irmã Irma. Freira pequena e delicada, cujos traços físicos não vou sequer tentar descrever; que apenas ora e ama a Deus. Essa mesma pequena flor a que todos nós, num ou noutro momento mais enrascado da nossa vida, nos consagrámos. E cuja notável habilidade para pintura (na íntegra, para O amar e servir) possa ter despoletado tal carta. Eu, pela minha parte ponho-me lado a lado com o autor, agnóstico, mas como ele próprio afirmava, amante à distância de S. Francisco de Assis.
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