Pára com isso, a cada deixa tua chovem inocentes guarda-chuvas (imagine-se...) disparados que vêem não sei de onde mas o que é certo é que um deles se me há de cravar no peito esmagando o externo, galgando os demais orgãos e aqui há de ficar, atravessado como uma lança assíria, com tal precisão cirúrgica- o ligeiríssimo desfazamento da lança com a sombra da lança.
Porém o dia deslizando suavemente trata de cicatrizar a vaza e se calhar, com alguma sorte, pode que com o dia claro venha também uma luz morfínica que atenue a coisa até ao cair da noite. Pois. A noite. Deixa-me abrir um parêntesis para dizer que Em rigor nem é noite, é apenas a parte inominável do dia, a que fica na sombra e por isso é indiscernível. Espanta-me como insistimos em nomeá-la, é somente o dia engolido para dentro do dia mas ainda assim é o que chega. Ah, sim.
Por isso apressa-te, diz qualquer coisa, qualquer coisa. Vem aí a noite, essa repetição vazada do dia. Sei bem o que me espera. Tremo. Com ela chegam os teus olhos mudos para abrir o quase esquecido guarda-chuva cravado: Palavra de ventilador.
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3 comentários:
Não sei o que significa "piove" mas reconheço esse vazamento. E hoje nem no miradouro ao pé de minha casa era possível encontrar essa "luz morfínicia"; o céu simplesmente não se acendeu.
Piove quer, na língua cantada, dizer que está de chuva.
Piove
in assenza di Ermione
se Dio vuole,
piove perché l'assenza
è universale
e se la terra non trema
è perché Arcetri a lei
non l'ha ordinato.
E Arcetri foi a casa de Galileu, o outro astrofísico que percebeu que se acendiam os céus.
Que esse guarda-chuva se mantenha sempre fechado.
É bom ter a cicatriz, mas que os pontos cozidos pelo dia se fortifiquem com a tua noite.
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