O par de óculos submarinos que o rapazinho de cabeça grande atira, com desdém, borda fora, foram o suficiente para acabar comigo.
-Eles pertenceram um dia ao teu tio S., disse-lhe a mãe.
-Não quero saber.
Duas linhas abaixo, o tal rapazinho da história, deixa-nos olhar de frente para uns olhos cheios de perfeito entendimento do tesouro que acabara de desperdiçar. Mas eu já não quero saber. Atiro com a criança borda fora e nunca, nunca mais penso nela enquanto processo, com a devida histeria, o fundo do lago negro trespassado de algas que são afinal os famosos raios verdes do sol. Le rayon vert.
Procuro, de olhos postos no fundo, a cara do anterior dono dos óculos de mergulho.
sábado, 27 de dezembro de 2008
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3 comentários:
Um elefante só é grande se comparado com uma pessoa.
E onde acaba um braço e começa o ombro?
A cor é, de facto, outra coisa, Maria. Reconheço esse fundo desse lago e a variação cromática do plâncton.
Fièrement
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