sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tuas presas reinando sobre o não-coral

(Beleza, Langor & Elegância)


um coral um colar

um cunhal letal à jugular
um punhal punhado de cores
estocado

eu brado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

sambinha no arkansinhas

No arkansas um fogo subterrâneo
fez furor ao longo da estrada estatal

mais perto,
mas ainda assim tão longínquas
do querer,
se ergueram
cúpulas de canaviais.

São trombetas, as canas
da nossa costa:
anunciam,
rebentam por dentro
a própria alegria da novidade.
Onde outros abusam
das suas características flexíveis
para a contrução,
as canas da nossa costa
permanecem intactas,
inúteis instrumentos
de navegação que ora
dizem água,
costa,
estio,
maldade,
ora rebentam
-sem precisar de flautas
nem precedentes-
à passagem das prometidas.

Na borda da estrada estatal
um par de pés dança sem termostato
um improvável samba
com o calcanhar na batida fraca
da cadência.
Na batida fraca,
na batida fraca.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ainda canto o índio


Não sei se era dia ou noite

quando comecei a beijar tudo cá dentro
beijei-me pai
beijei-me mãe
beijei-me filha
e unhas.
Beijei os ossinhos luminosos
e os que afiei escuros para desígnios
mal designados.
Beijei as tripas- estavam quentes
mas o consolo era genuíno.
Beijei a puta e a virgem na boca,
beijei-me homem, lobo, caralho
e à desprezada concedi o tempo
que passei aos pés da idolatrada
& vice versa.
Beijei tudo, tudinho
e cada lago era uma poça
cada pântano, saliva.
Mas quando beijei o meu carro
era beijo de ir embora
-entendo que o beijo tudo despede,
arranco-
e a canção, como a ilusão,
tem de acabar.

E que eu permaneça
me amando
enquanto esta terra sustentadora de árvores se estenda.